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Comentário da Secção de Relações Internacionais do CC do KKE

Confusão…

O inevitável rumo ao encerramento da atividade da Iniciativa Comunista Europeia (ICE) causou confusão entre algumas das forças que nela participam.

Pensavam que a ICE, fundada há 10 anos como espaço de ação dos PC europeus para "uma sociedade sem exploração do homem pelo homem, sem pobreza, injustiça social e guerras imperialistas", como afirmava a sua Declaração Fundadora, se transformaria num espaço de confronto e, em última instância, de justificação do chamado mundo multipolar justo, que supostamente pode ser construído pelos BRICS sem abalar as bases da exploração capitalista e da concorrência imperialista que levam a guerras injustas.

A este respeito, o PRCF (Pôle de Renaissance Communiste en France), fez acusações ridículas ao Partido Comunista da Grécia por alegadamente dissolver unilateralmente a ICE e não ter colocado a questão da dissolução em votação durante a recente teleconferência, embora saiba muito bem que o Secretariado da ICE foi a favor do encerramento da sua atividade e que durante os seus 10 anos de atividade nunca se realizou uma votação.

Apelou mesmo aos partidos que não concordavam com esta evolução para que reconstruissem a ICE.

Estas acusações por parte do PRCF contra o KKE mostram, na verdade, malícia e total ignorância dos princípios básicos do funcionamento da ICE, que infelizmente o PRCF parece não ter sido capaz de assimilar durante a sua participação.

O quadro de funcionamento da ICE, que é publicado no seu sítio Web (http://www.initiative-cwpe.org/en/home/), afirma explicitamente que "A 'Iniciativa' é uma forma de cooperação dos partidos comunistas e dos trabalhadores, sobretudo nos Estados-Membros da UE. Baseia-se numa Declaração Fundadora, que descreve os seus princípios e objetivos. Não constitui um partido político unificado, nem um «Partido Europeu», como os criados pela UE. Com base no exposto, todos os partidos que participam na "Iniciativa" têm os mesmos direitos e obrigações, enquanto as decisões políticas são tomadas de acordo com o princípio da unanimidade".

Ao longo dos anos, todas as decisões políticas da ICE foram tomadas com base no princípio da unanimidade.

O PRCF procura esconder que esta unanimidade política, que era uma característica do funcionamento da ICE, deixou de existir após a inaceitável invasão da Ucrânia pela Rússia, no quadro da guerra imperialista que eclodiu entre o campo euro-atlântico e o emergente campo euroasiático. E essa falta de unanimidade praticamente pôs fim às atividades da ICE durante um ano e meio.

O KKE e um número significativo de partidos da ICE condenaram a invasão, rejeitando tanto os pretextos usados pelos EUA-OTAN-UE quer pela liderança russa, e apontaram que a guerra está a ser liderada e travada pelas classes burguesas e, portanto, é imperialista de ambos os lados. Com base nisso, apelaram à classe operária e aos povos a que se opusessem à guerra imperialista e continuassem a luta baseada nos seus próprios interesses independentes, contra o envolvimento dos seus países na guerra, contra as classes burguesas e os governos antipopulares, no sentido de derrubar o poder burguês.

Pelo contrário, o PRCF e alguns outros partidos da ICE alinharam-se com um dos lados do matadouro da guerra imperialista, que está a ser travada pelas matérias-primas, pelas quotas de mercado e pelos lucros do capital, glorificando mesmo o massacre dos povos em nome do "antifascismo", do "anti-imperialismo" ou da formação de um "mundo multipolar". Na prática, perderam qualquer senso de classe e postura internacionalista, pois apoiam a burguesia russa, o seu Estado e a guerra imperialista.

O PRCF também esconde o fato de que abordagens diametralmente opostas se desenvolveram nas fileiras do movimento comunista internacional e da ICE noutras questões, como a questão da China, que hoje compete com os EUA pela supremacia no sistema imperialista e está longe de construir o socialismo, como acreditam o PRCF e alguns outros partidos.

Surgiram também graves divergências devido à posição de alguns partidos da ICE, que se manifestaram contra os refugiados e imigrantes nos seus países e se recusaram a mostrar solidariedade para com estas pessoas, que, na opinião do KKE e de outros partidos, são vítimas das guerras imperialistas e da exploração capitalista, facto também refletido nas declarações da ICE.

O PRCF, que acusa o KKE de dissolver unilateralmente a ICE, e alguns outros partidos da ICE, participam na chamada Plataforma Mundial Anti-Imperialista, juntamente com alguns grupos suspeitos, que apenas se envolvem em insultos vulgares e distorção das posições do KKE. Tal postura "anti-imperialista" certamente fará os EUA esfregarem as mãos de contentes, vendo como os chamados anti-imperialistas da "Plataforma" atacam o KKE, que está na vanguarda da luta pelo encerramento das bases EUA- NATO na Grécia e pela retirada do país da NATO e da UE; que é a única força política no país que se opõe à participação da Grécia na guerra imperialista na Ucrânia. Podia ser, portanto, que a "Plataforma" fosse feita por outras forças que não aquelas óbvias à primeira vista?

Seja como for, o PRCF deve saber que o sentimento anti-KKE falhará e não ficará sem resposta! Nem o PRCF nem qualquer outra força tem o direito de usar os símbolos e o título da ICE no futuro, mas, se assim o desejar, pode juntar-se às forças que concordam com as posições políticas que expressa. Além disso, cada força política será julgada pelos trabalhadores por sua postura e posição em questões nacionais e internacionais...

 

15.09.2023